CAPÍTULO VINTE E QUATRO
FAZENDA JARDIM À CIDADE DE GUIA
LOPES DA LAGUNA
1.
Nasce a primeira Ponte “A Ponte “Velha”
faz história, une povos, cria cidades
Antes de se criar uma cidade, um
distrito e município, o processo inicia-se com o povoamento, ou seja, grupos de
pessoas que se reúnem em determinado local, colonos, comerciantes,
trabalhadores, militares, religiosos e estabelecem residências, relações
sociais, trabalhos, explorando a terra, criando animais, plantando árvores
frutíferas e ornamentais, culturas de cereais, comércio. Deste aglutinamento nasce um núcleo dos
habitantes, dando origem a um povoado.
Encontro
das águas dos rios Miranda e Santo Antonio. Margem Direita rio Santo Antonio e no Município de Guia Lopes da Laguna; e margem
esquerda Rio Miranda, Marco natural de limite entre os dos município, Município de Jardim e GLL Figura 01.
Nota-se que as águas do Santo Antonio são mais barrentas. Foto 2006
Também conhecido por patrimônio, lugarejo, vilarejo, corruptela, arraial, muito comum até a década de 1950. Caracteriza um pequeno lugar habitado, com quase nenhuma autonomia política, jurídica, subordinada a sede do Município. Carente de infraestruturas. É um aglomerado de poucas casas e pessoas.
Fotografia[1]
abaixo, escritório do Acampamento da 1ª
Companhia do 3º Sapadores, ano de 1937, situado ao lado direito, após o Posto
Ipiranga Mariely, sentido Guia Lopes da Laguna estrada da Ponte Velha à cidade de Jardim. Fig. 02 – arquivo do
autor
Padre Paulo e José Lopes,
filho do Guia Lopes Em frente do escritório do Comandante da companhia.
Acampamento -
Da 1ª Companhia do 3º Sapadores Figura 02 Arquivo do autor.
Por
ocasião da construção e manutenção da rodovia ligando Aquidauana a Porto Murtinho e a Bela Vista, a
cargo da CER-3, do Ministério da Guerra, acampou-se à margem direita do rio
Miranda, em terras da Fazenda Jardim, em princípios de 1937, a 1ª Companhia do
3º Batalhão de Sapadores, sob o comando do então Capitão Teodorico de Farias.
Construção
da base de apoio e os tubos sobre o arco de sustentação Rio Miranda, próximo
a confluência com o Santo Antonio.
Uma das consequências semidireta
para a origem das duas cidades, Guia Lopes e Jardim, foi a presença de civis e
militares que compunham o batalhão de Sapadores
Diríamos assim que a ponte foi um
elemento material para dar vida e origem as duas comunidades.
Imagem
atual oferece a visão entre as duas
pontes que interligam Guia Lopes da Laguna com a Cidade de Jardim.Margem
Direita o Centro Histórico de Guia Lopes.
As
margens do trecho da estrada que vai do
posto Mariely até a ponte ficavam os acampamentos e os materiais de construção. Figura 03, arquivo do autor – Google.2007
Rodovia
Federal sob a ponte do rio Miranda chegou a ser interditada por algumas horas por motivo se segurança. Cheia de 2005,
Figura 04. Arquivo do autor
Segundo depoimento de José
Bião Neto, publicado na Revista Executivo Plus1,
1986, “Como militar chegou em
Aquidauana, para servir no 4º Batalhão de Sapadores. Sapadores
era uma unidade militar, encarregada de
tudo aquilo relacionado com movimento de terra, por exemplo, trincheiras, poços
de água, pontes, etc. Isso foi em
1935, mais dois anos depois, Bião Neto foi
transferido para a 1ª Companhia
do Batalhão de Sapadores, sediada no então chamado Acampamento do Rio Miranda
(hoje Guia Lopes).
Imagem da passarela para
atravessar as margens direita e esquerda do Miranda no principio da construção
da ponte Figura 5 - .Arquivo do Autor
As ilustrações 05 e 06 são de 1937. Durante os longos alôs
de pesquisa eu ganhei cópia das fotos, mas não recordo o Auro, acredito que são de arquivos do
Exército pois estava no início da construção da ponte
O nascimento do
Povoado/Patrimônio de Guia Lopes, também tem sua história, ligada ao militares, fazendeiros,
comerciantes e trabalhadores no ano de 1937, quando estas terras até a margem
do rio Miranda, pertenciam ao Município de Nioaque.
Fig. 06 – Arquivo do autor.
A
construção dos arcos da direita e da esquerda É a montagem das estruturas de
sustentação da ponte.
Ponte
sobre o Rio Miranda, na foz do Rio Santo Antonio ”ponte velha”.
Imagem
original da ponte antes de ter sofrida qualquer modificação estrutural ou na
pintura. Figura 07, Copia Arquivo do
autor
Se observarmos
os estilos arquitetônicos das pontes, principalmente pelo arco que
oferece a sustentação, já é totalmente
diferente da outra ponte sobre o rio Miranda.
Em termos históricos a ponte é um monumento histórico das cidades de
Jardim e Guia Lopes da Laguna.
No ano de 2005 houve uma grande
enchente, e por causa da erosão na base que conecta com a
margem, gerou a fratura da base na
margem esquerda
O nascimento do Povoado/Patrimônio de Guia Lopes,
também tem sua História originado da história da ponte
Enchente no ano de 2005 –
comprometeu na margem esquerda do o
aterramento Figura 08. Arquivo do
autor
Figura 09 Arquivo site econet
O
estado como ficou a margem esquerda da ponte. Inutilizou o acesso entre Jardim
e Guia Lopes por vários meses.
Figura
abaixo, 10- , arquivo do autor
A
reconstrução da parte danificada da ponte
Figura
11, arquivo do autor
Figura 12– Arquivo do Autor a ponte reconstruída e pintada
de cor azul
Visualização
de até onde foi o alagamento na margem
direita do rio que pertence a Guia Lopes da Laguna. Figura 13 arquivo do Autor. Ano 2005
<><><><><><><>
2 ANTECEDENTES
A Fundação do
Povoado/Patrimônio de Guia Lopes no Município de Nioaque 1938
2.1
Nasce o primeiro lagunense e a primeira benfeitoria, a igreja. Figura 14
Prossegue ainda o depoimento de
José Bião, publicado pela Revista Executivo Plus, “eu servia ao Exército, nessa
companhia, quando nasceu uma criança no acampamento. Foi a primeira, um motivo muito especial, por
tanto. O bebê era filho de José Antônio Bulhões e Sebastiana Farias
Bulhões. Ele era Sargento da 1ª Cia.
B.S., e morava aqui no acampamento do Rio Miranda. Então surgiu a dificuldade para batizar essa
criança, porque não tínhamos igreja, padre;
apenas três ranchos de taquara batida, coberto com folhas de bacuri, uma
palmeira nativa da região. O Padre
vinha só até o povoado de Nioaque de 30 em 30 dias e isso quando não
chovia. A criança trouxe ao mundo o
nome de Nywton Bulhões, e logo o pai do garoto, sargento José Antônio,
conseguiu um padrinho, um outro sargento, muito seu amigo, o Peri José da
Silva. Mas faltava ainda uma igreja, uma escola para crianças, enfim, a
criação de um povoado. Entrou na História toda, o Comandante da Companhia, o Capitão Teodorico
de Farias, que deu todo o apoio para a criação do povoado, inclusive arranjou
um topógrafo, o Jacó, conhecido como “Nego Jacó
Imagem2 ao lado, José Francisco Lopes, 1925,
extraída de um recorde de uma fotografia
da família Figura 15
2.3
A Decisão da Fundação
Tendo as idéias da Fundação de um
Patrimônio, como era chamado naquela época, neste recanto da Pátria Brasileira
no sudoeste do então Estado de Mato Grosso, chegadas ao conhecimento do Capitão
Teodorico de Farias, comandante da 1ª Companhia de do 4° Batalhão de Sapadores
e de José Francisco Lopes,
proprietário desta terra, foram elas
acolhidas e difundidas imediatamente por todas as fazendas e municípios desta
região.
Assim,
com topógrafo, o capitão foi fazendo contatos com diversas pessoas inclusive os
militares acampados reunindo os fazendeiros da região. Entre eles, estava na época, o único filho
vivo do Histórico Guia Lopes, José Francisco Lopes.
Desse acampamento militar, incluindo civis que
prestavam serviços, no dia 12 de fevereiro
de 1938 foi fundado o Patrimônio de Guia Lopes.
Á esquerda a primeira igreja
de São José e a direita a primeira Escola de Guia Lopes, denominada Visconde de
Taunay inauguradas no dia 19 de março de 1938 – Figura 16 arquivo do autor, original LFB
Preparação
da Igreja já com a construção de uma sala de aula para servir de escola para a missa do dia 19
de Março de 1938.
2.4 A Data oficial
de Fundação 12 de Fevereiro de 1938
Portanto, em Fevereiro de 1938,
diante de dois grandes ranchos construídos de taquaras batidas, erguidas no local onde hoje se encontra a Praça Central,
onde se encontra o prédio construído
para a Biblioteca Municipal, que na presença de diversas autoridades e pessoas
gratas, inclusive de Nioaque: Antonio
Oliveira Flores, José Francisco Lopes, Capitão Teodorico de Farias, Basílio
Barbosa, Osvaldo Fernandes Monteiro, Alziro Lopes da Costa, Irineu Vieira de
Souza, João Batista de Souza, Fabio Martins Barbosa, Macário Aristimunha, Boaventura
Vieira de Souza, sargentos e Praças da 1ª Companhia, entre outros Severino
Felix, Odilon de Queiroz, José Antônio
Bulhões, Luiz Fioravante, José Pery.
Diversos convidados dos Municípios de Nioaque, Aquidauana, Bonito e Bela
Vista, mais ou menos umas 400 pessoas
entre adultos e crianças, de ambos os sexos.
Casa do início da Fundação
do Patrimônio de Guia Lopes Figura 17 Arquivo do autor.
2.5
. A Escolha do dia 19 de Março de 1938
Fig. 18 – Arquivo do autor,
Revista Executivo Plus
|
Logo, José Antonio Bulhões, Pery José da Silva,
Teodorico de Farias, José Francisco Lopes, viram seus sonhos transformados em
realidade e logo toda a multidão se locomoveu para um grande galpão de palha
construído embaixo de uma faveira, que havia na frente da casa do Senhor Manoel
Vicente3, onde foi saboreado o gordo churrasco
de uma vaca, ficando ali combinado o dia
oficial para a assinatura da Ata de Fundação do Patrimônio de Guia Lopes,
escolheu-se a data de 19 de Março, visto ser também o dia de São José,
homenagem que seria prestada a José Francisco Lopes (O guia Lopes) e a José
Francisco Lopes (filho do Guia Lopes) um dos fundadores, o qual também ficaria
sendo o Santo Padroeiro do Povoado, hoje
padroeiro da Paróquia de São José.
Imagem
20
Fotografia
ao lado, a direita tem-se a presença do Padre Paulo Butler e a esquerda, de
chapéu, José Francisco Lopes, no centro o Professor Nelsinho no ano de 1940.
Assim,
no dia 19 de março de 1938, segundo Acyr Vaz Guimarães4 “o casal doador das terras e os militares que
serviam no contingente da primeira companhia do quarto batalhão de sapadores, de Aquidauana, que davam
assistência à estrada de rodagem daquela cidade à Bela Vista, foi lavrada uma
ata de fundação, ao tempo que se fazia entrega da escritura de doação das
terras para a cidade. Chegando esse
dia, pela manhã, o corneteiro da 1ª
Companhia do 4º Batalhão de Sapadores, toca a alvorada para acordar o pequeno
acampamento e os moradores do
3 Padrinho de
José Bião.
4 História
dos Municípios de Mato Grosso do Sul Guia Lopes da Laguna, 1992.
povoado
(já sendo levantado) em pequeno numero.
Sobem rojões ao ar, espocando para que os moradores mais distantes
lembrem-se estar chegando à hora de caminharem para o local da nova cidade”.
Na fotografia 19 ao lado, temos no fundo a A primeira
de secos e molhados. Casa Comercial
Monteiro que pertenceu ao Senhor Osvaldo Fernandes Monteiro. que se
localizava no local próximo onde
hoje se encontra o Banco do Brasil.
|
Segundo
publicação, Revista Executivo Plus, 1986, baseado nos depoimentos de José Bião
Neto, “José Francisco Lopes, então doou as terras, uns 30 hectares5. Outros fazendeiros doaram vacas,
ajudaram a arrecadar dinheiro para fazer a igreja, e assim por diante. No dia 12 de fevereiro de 1938, foi fundado
o Patrimônio de Guia Lopes. No dia 19 de
março deste mesmo ano, foi aprovada pelos fundadores, pelo Capitão Teodorico de
Farias e todos os moradores locais e da redondeza, a Ata de Fundação de Guia Lopes... Escolhemos também o Padroeiro da cidade, que
é São José, em homenagem aos nomes dos três fundadores e a um herói que também
se chamava José, quer dizer, José Francisco Lopes (o herói da Retirada da
Laguna, o Guia Lopes), José Francisco Lopes, filho do Guia Lopes e doador das
terras e José Antonio de Bulhões. Tem
mais fundador, é claro, mas os legítimos mesmo, são José Antonio Bulhões, Peri
José da Silva e José Francisco Lopes”.
Destacamos ainda em memória dos fundadores, o Senhor
Jaime Artigas, Basílio Barbosa, Aurélio
Rodrigues de Souza, Ozias de Souza Santos, Osvaldo Fernandes Monteiro, sendo
que estes dois últimos
estabeleceram-se com as duas primeiras
casas de comércio no Patrimônio de Guia Lopes.
5 Segundo
documento de escritura de doação incluso, foram 20 hectares a doação de
José Francisco Lopes.
Na fotografia 19 ao lado, temos no fundo a A primeira de secos e molhados. Casa Comercial Monteiro que pertenceu ao Senhor Osvaldo Fernandes Monteiro. que se localizava no local próximo onde hoje se encontra o Banco do Brasil.
<><><><><><><>
Segundo o Historiador Acyr Vaz7,
“aos poucos, carretas, cavaleiros, gente a pé, passa a chegar ao pátio
onde se erguem a igreja e a escola, ambas com uma comprida faixa de bandeirolas multicoloridas
flamejando ao vento. Agrupando o povo,
uma comissão segue à casa de José Francisco Lopes, e o conduz cercado de
carinho, a presença das autoridades civis, militares e eclesiásticas de Nioaque,
a cujo município pertencia às terras da nova cidade, É cumprimentado efusivamente. Seguem todos para o ranchão rústico onde o
altar simboliza a presença do Senhor que irá abençoar o novo povoado.
O Padre Paulo Butler,
redentorista de Aquidauana, conduz a missa sob emoção de todos e ao fazer a
pregação comove aos fiéis lembrando o passado histórico dos pais de José
Francisco Lopes e das terras que ora
pisavam.
Terminada a missa e os batizados
procederam-se às assinaturas da ata de fundação, assinando em primeiros lugares
– José Francisco Lopes, Capitão Teodorico de Farias, Sargento José Antonio
Bulhões, Peri José da Silva e o Prefeito de Nioaque, Senhor Antônio de Oliveira
Flores, seguindo-se dos demais presentes”.
Para que o Patrimônio de Guia
Lopes pudesse ser conhecido e reconhecido oficialmente pelas Autoridades do
Estado de Mato Grosso, cuja Capital era Cuiabá, e ao Chefe da Nação Brasileira,
cuja Capital era na então cidade do Rio de Janeiro, conforme descreve Acyr Vaz,
José Francisco Lopes enviou dois telegramas comunicando que em 12 de Fevereiro
fora fundado o Patrimônio de Guia Lopes.
No verso da fotografia continha os seguintes dizeres: “Em 12
de fevereiro de 1938 Photografia da 1ª reunião para a fundação do Patrimônio
Guia Lopes”
Oferta de Fábio Martins – Figura 21 copia imagem do autor,
original pertenceu a família Fabio Barbosa Martim, conforme o verso da foto.
2.7
Os Documentos do memorial, a fotografia e a ata
Colocamos
a disposição dos leitores lagunenses além do telegrama, a fotografia do
histórico momento de 12 de fevereiro de 1938[1]
sobre a decisão da fundação do Patrimônio “Guia Lopes”. Este local, fica próximo ao Estádio de
Futebol, que outrora era sede da fazenda de José Francisco Lopes (último filho
do Guia Lopes) e que atualmente (2003) pertence ao Senhor Duarte do Mercado
Pantanal.
“Exmo.
Sr. Dr. Getúlio Vargas,
DD. Presidente da República, Palácio do Catete, Rio.
Qualidade
ultimo filho sobrevivente velho sertanejo Guia Lopes, grata satisfação
comunicar vossência, doze fevereiro, histórica Fazenda Jardim, minha
propriedade, realizou-se grande reunião, fazendeiros, pessoas gradas, exmas.
Famílias, municípios Bela Vista, Bonito e Nioaque, fim fundação Patrimônio Guia
Lopes homenagem memória saudoso pai,
tombou mesmo local, defesa integridade Pátria.
Gesto nobre, patriótico, sob
auspícios briosa oficialidade,dignos sargentos 1º Cia. 4.ª B.S. há muito
acantonado estas paragens, obteve
grandes aplausos população por vir plantar rica vastíssima zona, exemplo
verdadeiro civismo e sentimento patriotismo gerações vindouras. Reunião foi presidida digno comandante
companhia, qual expôs fim mesma, dissertando feitos heróicos componentes
Retirada da Laguna, quais tombaram vitimadas cólera, justamente solo onde se
fundou Patrimônio. Dr. Sinézio Chavasco,
fazendeiro palavra, congratulou-se ato
patriotismo, relembrou feitos gloriosos Exército Nacional, dissertando atual regime sob benéfica orientação
vossências. Foi dado conhecimento Dr.
Interventor Federal, remetendo Ata dia 12 de fevereiro. Pedindo Vênia vossência solicito nome povo
patrimônio apelando sentimento patriotismo eminente chefe, possível fundação
pequena escola federal, prática agricultura e pecuária, ramo nosso grandioso
Estado, qual trará imenso resultado benéfico região onde tudo é feito sistema rotineiro. Sede Patrimônio, localizada belíssima
campanha, sob ponte rio Miranda, margem rodovia construída glorioso 4.º B.S.
pouca distância campo Santo onde repousam restos mortais heróis Retirada da
Laguna a poucos passos tapera onde viveu inesquecível Guia Lopes. Certo Vossências atendendo apelo
prestando essa homenagem, velho
sertanejo, imenso prazer dizer-vos que com 76 anos último filho sobrevivente
Guia Lopes, morrerá satisfeito benefício mocidade vindoura, abençoado nome
nosso Interventor Federal e Ilustre Presidente.
Respeitosas
Saudações
José
Francisco Lopes”
Segundo Bião, de acordo com a
Revista Executivo Plus, “colocamos o
nome da escola como Visconde de Taunay, o primeiro tenente correspondente
oficial de guerra que escreveu o livro Retirada da Laguna. Juntando escola e igreja, formamos assim a
maior atração para o povoamento de Guia
Lopes. Quem queria casar vinha para cá,
e da mesma forma os fazendeiros interessados em dar instrução aos seus
filhos. Assim foi juntando gente, surgiu
a primeira loja, a Segunda...
Imagem
é um recorde da Primeira Missa Celebrada no dia 19 de Março de 1938, por
ocasião da assinatura da Ata Oficial da Fundação do Povoado de “Guia Lopes” e a
esquerda a imagem da primeira Escola Pública de Guia Lopes.
A outra imagem
é uma fotografia, do mesmo local e data, da primeira missa e igreja de
São José, porém, sob ângulo diferente.
A união e os esforços dos
primeiros habitantes do Patrimônio imprimiram um ritmo especial pelo progresso
daquele núcleo, que no primeiro ano de origem, contava já com quatro casas de comércio e uma escola
pública.
2.8 Escritura de
doação de terra para a fundação do Patrimônio de Guia Lopes
2.8.1 Doações de
José Francisco Lopes e dona Maria Rufino Lopes
De acordo com os Registros do Cartório da Cidade de
Nioaque, transcrição abaixo, encontra-se a Escritura Publica de doação de 20
hectares da área da Fazenda Jardim, por José Francisco Lopes (filho do Guia
Lopes) para servir de área urbana para o povoado de Guia Lopes.
Nesta ocasião, a área foi doada à
Prefeitura Municipal de Nioaque, que nesta ocasião, tinha a jurisdição até os limites com o Rio Miranda.
CERTIDÃO
“CERTIFICO, que a pedido de parte interessada revendo nos
arquivos de meu cartório no livro nº 03, as fls 44/45, no ano de 1938 a 1940,
consta o seguinte documento:
Escritura
Publica de doação que fazem José Francisco Lopes e sua mulher Dona Maria
Rufino Lopes, como doadores e a
Prefeitura Municipal de Nioaque, como donatária, na forma abaixo:
Saibam quanto esta
escritura publica de compra e venda digo de doação virem que no ano de mil
novecentos e trinta e nove, aos cinco dias do mês de Julho do dito ano, nesta
cidade de Nioaque, ,termo de igual nome, Comarca de Aquidauana, Estado de Mato
Grosso, em meu Cartório compareceram, perante mim tabelião, partes entre si
justas e contratadas a receber: de um alado como outorgantes doadores José
Francisco Lopes e sua mulher Dona Maria Rufino Lopes, brasileiros, maiores,
proprietários, residentes neste município, estando a doadora Maria Rufino
Lopes, representada neste ato, por seu marido e procurador o outorgante doador
José Francisco Lopes; e como outorgada donatária a “Prefeitura Municipal de
Nioaque”, representada legalmente por seu Prefeito Municipal, o Cidadão Antonio
de Oliveira Flores, todos meus conhecidos pelos próprios de que trato e dou fé, e as duas testemunhas
adiante nomeadas e assinadas, perante as quais pelo outorgante doador me foi dito, que sendo
legítimos possuidores de uma parte de terras situadas na “Fazenda Jardim”,
deste Município, no lugar denominado “Guia Lopes”, medindo a área de 20 hectares, limitando-se: ao poente, com a linha divisória com as terras
de Fábio Martins Barbosa; ao sul com o rio Santo Antonio; ao nascente pelo
Grotão e ao poente, digo norte com terras dos doadores; terreno este que se
acha livre e desembaraçado de quaisquer ônus ou hipotecas, inclusive legais e
que adquiriram por herança e que se acha registrada sob n.º de ordem 360, do
livro n.º 3 desta ex-Comarca, pela presente escritura, de suas livres e
espontâneas vontades doam, como efetivamente doado tem, o terreno acima
descrito, à outorgada donatária Prefeitura Municipal de Nioaque, para o fim
especial de ser utilizada pela servidão publica e sob a fiscalização da
donatária. Pela outorgada, por seu representante legal, me
foi dito que aceitava esta escritura de doação, em todos os seus termos, por
estar de inteiro acordo com o ajustado e contratado entre si e os
doadores. A pedido das partes lavrei
esta escritura a qual lhe sendo lida e
perante as mesmas testemunhas, aceitaram
outorgada e assinam, com as testemunhas cidadãos Carlos Dobes e Synesio
Chavasco, maiores, capazes, residentes nesta cidade, conhecidas de mim tabelião
pelas próprias de que trato e dou fé, que a escrevi e assino em público e
raso.
Em Testº (estava o sinal publico da verdade).
Dado e passado aos dez dias do mês
de Dezembro de mil novecentos e setenta e nove, nesta cidade e distrito de
Nioaque, Comarca de Aquidauana, Estado de Mato Grosso do Sul, que por ora me
reporto e dou fé. Eu Rui Alves de Lima,
Tabelião que mandei datilografar subscrevi e assino.
(Extraído da transcrição
original, fornecida pelo Cartório de Nioaque).
2.8.2 Doações de Fábio Martins Barbosa e dona
Deolinda Barbosa Martins
Nesta Certidão,
também registrada e fornecida pelo Cartório de Registros da Cidade de Nioaque,
consta à doação de uma parte da Fazenda
do Senhor Fábio Martins Barbosa para complementar a área do povoado de Guia
Lopes.
CERTIDÃO
CERTIFICO, que a pedido de parte interessada que revendo nos
arquivos de meu cartório no livro n.º 3, as folhas 51/52, ano de 1938 a 1940
consta o seguinte documento:
Escritura Publica de doação que
fazem e assinam Fábio Martins Barbosa e sua mulher com a Prefeitura Municipal
de Nioaque, como abaixo se declara:
Saibam quanto esta escritura
pública de doação entre vivos, virem que,
ano de mil novecentos e trinta e nove, aos trinta dias do mês de Agosto
do dito ano, na Fazenda do Senhor Fábio Martins Barbosa, onde eu tabelião ai me
achava, sito neste município de Bela Vista, neste Estado de mato Grosso,
perante partes entre si e justas contratadas a saber de um lado, como
outorgantes doadores o cidadão Fábio Martins Barbosa e sua mulher Deolinda Barbosa Martins, residentes
no Município de Bela Vista, casados, fazendeiros, e como outorgada donatária
Prefeitura Municipal, o cidadão Antônio de Oliveira Flores, todos meus conhecidos, pela própria de que trato e dou fé, e as duas testemunhas adiante nomeadas
e assinadas, perante as quais pelos outorgantes doadores me foi dito que sendo
legítimos possuidores de uma parte de terras pastais e lavradias, situada na
fazenda Jardim, no Município de Bela Vista, digo no Município de Nioaque, neste
estado, no lugar denominado Guia Lopes, compreendida dentro dos seguintes
limites: ao Norte, pelo lado esquerdo do
aterro e corte da estrada e automóvel que vai de Aquidauana à Bela Vista, desde
a ponte sobre o rio Miranda até o aramado que divide as terras dos doadores,
com as terras doadas a Prefeitura Municipal de Nioaque, pelo Sr. José Francisco
Lopes e sua mulher; ao nascente pelo dito aramado, em rumo ao sul, até alcançar
o rio “Santo Antônio”, limitando-se em toda esta linha com a referida terra
doada a outorgada Prefeitura Municipal de Nioaque, ao sul, pelo rio “Santo
Antonio” abaixo da barra da cerca de arame até a sua foz no rio Miranda; e
abaixo até a ponte da referida estrada
de automóvel de Aquidauana à Bela Vista, fechando desta forma o perímetro de
terras doadas por força desta escritura.
Doação esta os outorgantes fazem a Prefeitura Municipal de Nioaque, para
o fim de aumentar o terreno destinado ao povoado denominado Guia Lopes, para o
fim especial de ser utilizada pela servidão pública sendo a bem e ao rumo digo
progresso do referido povoado e sob a fiscalização da donatária. Pela outorgada representada pelo seu Prefeito
Municipal cidadão Antonio de Oliveira Flores, me foi dito, em presença das
mesmas testemunhas que aceitavam esta escritura de doação, em todos os seus
termos, por estar de inteiro acordo com o ajustado e contratado entre si e os
doadores. E a pedido das partes, lavrei
esta escritura de doação, a qual lhes sendo lida, perante as mesmas testemunhas
que são os cidadão Braz Réa e Roldão Ferreira de Lima, brasileiros, maiores,
casados, comerciantes, residentes no Município de Nioaque e meus conhecidos do
que trato e dou fé. Eu Sebastião David
Medeiros, tabelião que a escrevi e assino em publico e raso.
Em Testº (estava o sinal publico da verdade)
Dado e passado aos dez dias do
mês de dezembro de mil novecentos e setenta e nove, nesta cidade e de Nioaque,
Comarca de Aquidauana, esta de Mato Grosso do Sul, que por ora me reporto e dou
fé. Eu Rui Alves de Lima, tabelião que
mandei datilografar, subscrevi e assino.
(Extraído da transcrição
original fornecida pelo Cartório de
Registro da cidade de Nioaque)
2.8.3 Ata de
Transferência do Patrimônio de Guia Lopes à Administração Municipal da
Prefeitura e Autoridades de Nioaque.
Na reunião da fundação oficial do
Patrimônio de Guia Lopes, como foi denominado em 19 de março de 1938, naquela
ocasião ficou resolvido que o aludido Patrimônio seria transferido às
autoridades civis de Nioaque, para o que foram as mesmas convidadas, dando-se
esta transferência, em solenidade realizada a 5 de junho do mesmo ano, do cujo ato, lavrou-se a seguinte ata:
“Ata de reunião para a
transferência do Patrimônio Guia Lopes, as Autoridades civis do município de Nioaque -
Aos
cinco dias do mês de junho de mil novecentos e trinta e oito, em salão do
prédio da Escola Pública deste
Patrimônio, aí presente os senhores José Francisco Lopes, Capitão Teodorico de
Farias, D. Comandante da Primeira Cia.
Do Quarto B. S. aqui acantonado, Tenente Afonso de Menezes Dippe. Sargento João
do Prado e Silva, Luiz Fioravante, Odilon de Queiroz e José Antônio de Bulhões
todos da mesma Cia., as autoridades
civis de Nioaque, Senhor Antônio de Oliveira Flores DD. Prefeito Municipal, Alziro Lopes Costa –
Juiz em Exercício, tenente
Gumercindo Cavalheiro, Delegado
de Policia, João Siqueira, Promotor de Justiça, Policiano Costa Lima. Coletor
das Rendas do Estado, Helvécio Brandão,
Delegado Militar, Sebastião David de Medeiros, primeiro tabelião e os cidadão
João Siqueira, Hercílio Vieira de Moura, Osvaldo Fernandes Monteiro, Basílio
Barbosa, Macário Aristimunha,Vicente Urbano Leite, Dinarte Pinheiro,Irineu
Vieira de Souza, Alfredo de Ávila da Silva, Florêncio da Costa Lima Cristóvão Felix de Almeida, Paulo Leme
Nogueira, Justino Lopes, Argemiro Ávila da Silva e Sinézio Chavasco e muitas
pessoas gradas de Nioaque e do Patrimônio, as quais em grande reunião
solenizavam este grande feito de Patrimônio, digo de patriotismo e gesto de
civismo pelo senhor tenente Afonso de
Menezes Dippe, foi dada a palavra ao senhor Sinézio Chavasco, para que este
expusesse os fins da presente reunião.
Em rápidas palavras, o orador indicado esclarecendo os fins da reunião,
dissertou sobre a obra de patriotismo
dos dignos militares, plantando mais um marco de esperança, sobre o qual
desfralda o nosso glorioso pendão nacional, que servirá de estímulo às gerações
vindouras; o orador dando conta dos trabalhos feitos para a fundação deste
grande melhoramento, ao qual foi dado o nome do Imortal Guia Lopes, passava
neste momento a direção do Patrimônio ao digno Prefeito Municipal de
Nioaque. Fazendo esta entrega, os
fundadores do Patrimônio confiantes na
integridade do Digníssimo Prefeito, estão
certos de que SS. Com verdadeiro espírito de brasilidade tudo pensa em
fazer pelo engrandecimento deste Povoado e por este povo.Em seguida, o Senhor
Antônio de Oliveira Flores, DD. Prefeito Municipal, em breves palavras
agradeceu aos dignos militares a obra patriótica, dizendo que, “com a máxima
satisfação recebia a honrosa incumbência
que ora lhe era feita, garantindo em seu nome e do povo nioaquense
que na sua gestão, tudo faria para a
continuidade do progresso deste novo
povoado, o qual ele repuditava, digo reputava, digno não só pelo seu todo,
porém mais ainda, por prestar uma justa homenagem ao imortal sertanejo e guia
da Retirada da Laguna”. Ato continua, o
senhor Capitão Teodorico de Farias, em rápidas palavras disse que, em seu nome
e dos militares que concorreram para a fundação deste Patrimônio embora tenha
passado a direção do mesmo para as dignas autoridades civis de Nioaque, continuaria sempre a
disposição das mesmas para o engrandecimento desta obra e pelo progresso de
Mato Grosso. Logo a seguir o Senhor
Prefeito Municipal assumindo a direção do Patrimônio, resolveu as necessidades mais urgentes dentre
as quais a de designar uma comissão para responderem pela direção do
mesmo. Dentre os elementos destacados
do Patrimônio, foram designados os senhores Osvaldo Fernandes Monteiro
comerciante, Macário Aristimunha e Basílio Barbosa – fazendeiros, todos
residentes no mesmo, escolha essa que foi recebida com aplausos de satisfação
de todos os presentes. Nada mais havendo
a tratar, foi encerrada a presente reunião com vivas ao Exmo. Sr. Presidente da República Dr. Getulio
Vargas.Exmo. Interventor Federal, Dr.
Julio Muller, ao Glorioso Exército Nacional, ao velho José Francisco
Lopes e a todas as autoridades presentes.
Patrimônio de Guia Lopes da Laguna, cinco de junho de mil novecentos e trinta e oito.”
Assinaturas:
José
Francisco Lopes; (filho do Guia Lopes)
Capitão
Teodorico de Farias,
Segundo
tenente Afonso de Menezes Dippe,
Antonio
de Oliveira Flores – Prefeito Municipal
Alziro
Lopes da Costa – 1º Juiz de Paz
Tenente
Gumercindo Cavalheiro – Delegado de Polícia
Sargento
Luiz Fioravante,
Sargento
Odilon de Queiróz,
Sargento
José Antonio Bulhões,
Helvécio
Brandão – Delegado Militar,
Policiano
da Costa Lima – Coletor,
Sebastião
David de Medeiros – 1º Tabelião,
João
Siqueira – Promotor de Justiça,
Hercílio
Vieira de Moura – Escrivão da Coletoria,
Osvaldo
Fernandes Monteiro,
Basílio
Barbosa,
Macário
Aristimunha,
Vicente
Urbano Leite,
Dinarte
Pinheiro,
Irineu Vieira de Souza,
Alfredo
de Ávila da Silva,
Florêncio
da Costa Lima,
Cristóvão
Felix de Almeida,
Paulo
Lemes Nogueira,
Justino
Lopes,
Argemiro
Ávila da Silva,
Sinésio
Chavasco”.
Estação Ferroviaria Guia Lopes, decada de 1930.
O Trem de Luxo deminado de Guia Lopes.
Cidade de São Roque de Minas - até 1968 era Denominada de Guia Lopes
São José - Festa Religiosam19 de março
Olá!
ResponderExcluirMeu nome é Letícia Bulhões Padilha, sou neta do Newton Bulhões citado neste post, logo, sou bisneta do José Antônio de Bulhões e da Sebastiana Faria de Bulhões.
Achei muito legal ter um blog que relembra um pouco do começo da nossa história, nossa família, tão arraigada nesta cidade. Somente uma correção: meu avô se chama Nywton Bulhões, com "yw" no nome, conforme registro de nascimento em 26 de agosto de 1937 em Nioaque. Mas tranquilo, eu erro a escrita do nome dele volta e meia até hoje... hehehehe...
Abraços!
Parabéns Professor Vicente pelo belíssimo trabalho, que narra sobre a criação do Patrimônio de Guia Lopes. Gde abraço.
ResponderExcluirOla, meu nome é Vanusa, sou acadêmica do 4º ano de Geografia da Universidade Estadual de Mato Grosso do sul, e estou fazendo o trabalho de conclusão de curso, consistindo em uma análise histórica de recorrências de inundações do rio Miranda, e achei seus post muito interessantes, e gostaria de saber sobre a possibilidade de fazer uma entrevista com vossa senhoria. parabéns pelo trabalho...vanusamds1@hotmail.com, se possivel gostaria de poder entrar em contato. desde já, agaradeço
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho. Meu nome é José Bulhões Padilha, sou neto de José Antonio de Bulhões um dos fundadores da cidade de Guia Lopes e me senti muito honrado com a participação histórica do meu amado avô.
ResponderExcluirBoa noite,
ResponderExcluirVc editou o livro?
Eu poderia conversar com vc sobre a familia do Huia Lopes na Região de São Roque de Minas? Meu contato 031 998884103