150 ANOS DO FALECIMENTO DO GUIA LOPES, JOSÉ FRANCISCO LOPES
“Saibamos morrer! Dirão os sobreviventes, o que fizemos?!”
O Guia Lopes, do “Homem” José Francisco Lopes” ao mito do “Heróis”
150 Anos do seu Falecimento
27 de maio de 1867 – 27 de maio de 2017
José Francisco Lopes, 1864
O “Homem” nasceu no dia 26 de fevereiro de 1811, em terras de Piumhi, Minas Gerais, onde fora registrado. Filho de Antônio Francisco Lopes e Theotônia Joaquina de Souza.
Faleceu no dia 27 de maio de 1867, aos 56 anos de idade, em terras que lhe era proprietário, atualmente, Município de Jardim, Mato Grosso do Sul.
Certidão de Batismo/Nascimento de José Francisco Lopes
“Aos sete de maio de 1811 batizei e pus os santos óleos a José, párvulo nascido a vinte e seis de fevereiro, filho legítimo de Antonio Francisco Lopes e Teotonia Joaquina de Souza, neto pela parte paterna de Manoel Francisco Lopes, natural de Portugal e de Joana Costa Ribeiro, natural da Freguesia de Itabira e pela parte materna, de Joaquim de Souza Costa, natural de Itaverava e de Teotonia Maria das Neves, natural de Curral Del Rei.
Foram Padrinhos Francisco de Paula Machado e Maria Felicia de Jesus, solteiros, filhos do Furriel Antonio Vicente Machado, todos desta Freguesia. Para constar fiz este assento. O Vigario Vicente Inacio da Silva”.
Há 150 anos deixava a existência física o “Homem” e nascia para a posterioridade histórica apenas o “Guia Lopes”.
Foi assim que comecei a estuda-lo e conhece-lo!
Muitos só o conhecem e estudam pelas narrativas da sua participação junto às Forças brasileira que operaram ao Sul da então Província de Mato Grosso, hoje sendo o Estado de Mato Grosso do Sul, nos registros do Oficial do Exército Brasileiro Alfredo Maria Adriano d'Escragnolle Taunay, o Visconde de Taunay, no livro “A Retirada da Laguna”. Portanto, quem desejar obter mais informações, sugiro retomar a leitura de uma Obra ou as publicações as quais disponibilizei nas páginas do Blog.
O impressionante que o período de convivência entre o “Homem” com o Oficial Taunay foi exíguo para ter rendido tantas histórias. Para ser mais preciso, foi entre 24 de janeiro de 1867, no acampamento na povoação de Nioac (Nioaque). Marcharam juntos até a Invernada de criação de gado, Laguna, (Estancia Arroyo Primero, depois da guerra), Território da República do Paraguai, hoje, terras deBella Vista Norte, Distrito e cidade do Paraguai, Departamento de Amambay. Iniciando o caminho inverso, A Retirada, recuo, do Exercito Brasileiro das terras da Laguna em 8 de maio. Deste ponto marcharam por campos sujos e estradas inexistentes até acamparem na margem esquerda do rio Miranda, nas proximidades conhecida por Cemitério dos Heróis da Retirada da Laguna, terras do Município Jardim-MS. em 27 de maio de 1867. Portanto, uma convivência de aproximadamente 123 dias.
Por outro lado, pouco se escreveu, comenta, estuda sobre suas ações em território mato-grossense e sul-mato-grossense entre o período de 1830 a 1864.
Junto com os irmãos Gabriel, Joaquim, Manuel todos “Francisco Lopes” foram pioneiros, junto com famílias “Barbosa, Garcia Leal” entre outras a explorarem cursos de rios e campos em toda a extensão sul mato-grossense entre o rio Paraná, no Leste aos rios Apa e Paraguai no Oeste. Explorações de Reconhecimento e posse de terras no interesse particular ou em expedições a interesse do Barão de Antonina, ou do Presidente da Província do Mato Grosso, ou em missões com Almirante Augusto João Manuel Leverger, conhecido por Barão de Melgaço ou interesse militar de segurança e soberania territorial cooperando para a fundação de Nioaque, Colônias Militar de Miranda e dos Dourados.
Em sua primeira núpcia com dona Maria Pereira e os três filhos
José Francisco Lopes Junior;
Theotonia Maria Lopes;
Ritta Lopes, viveram no território paraguaio por sete anos, 1845-1852. O primeiro faleceu no dia 26 de maio de cólera e foi um dos dez prisioneiros que fugiram do Paraguai, reencontro que aconteceu na Colônia Militar de Miranda, antes de avançar para Laguna. As duas filhas morreram no cativeiro, em Horqueta.
De volta ao território brasileiro, casara, com a viúva do seu irmão, Gabriel, Senhorinha Maria da Conceição Barbosa de Lopes, vindo a residir na propriedade conhecida como Jardim, Fazenda Jardim, Estancia do Jardim, cuja a extensão superior a 40.000 hectares, atingia a margem esquerda e direita do rio Miranda, terras entre os atuais municípios de Guia Lopes da Laguna, Nioaque e Jardim. A sede das propriedades estava estabelecida, local da atual fazenda Jardim, margem da Rodovia MS-382, Guia Lopes da Laguna à Bonito. Desta união matrimonial nasceram os seguintes filhos:
1º Izabel Porcina Lopes;
2º Fausta Felisbina Lopes;
3º João José Lopes;
4º Pedro José Lopes;
5º José Francisco Lopes;
6º Bernardino Francisco Lopes
Todos foram também prisineiros de Exército Paraguaio1865-1870. Retornaram ao Brasil com a mãe. O seu último filho, homonimo do Pai, José Francisco Lopes, faleceu em 1942. Foi quem participou e doou terras para a fundação da atual cidade de Guia Lopes da Laguna, em 12 de fevereiro de 1938, na época simplismente Nioaque.
Hoje, em todas as partes do território nacional há um dos seus descendentes genealógicos.
Dedido o dia de hoje, 27 de maio, não ao “Herói ou mito”, mas ao “Homem”, o Ser humano, José Fancisco Lopes, cognome Guia Lopes, pois foi assim que viveu com virtudes e grandezas morais, mas também com suas fragilidades, imperfeições, dores, sofrimentos, revoltas.
O homem que amou e padeceu nas terras sul matogrossenses!
O homem que amou a família e padeceu em território do Paraguai!
O homem que nutriu as esperanças do Comandante Coronel Carlos de Moraes Camisão!
O homem que nutriu as forças combatendes com as reses do seu gado!
O homem que nutriu os Retirantes da Laguna!
O homem que esqueceu de si, soube morrer, soube enfrentar as adversidades, sem jamais desistir.
Por este “amor do homem” é que a História o imortalizou, na figura do “Guia Lopes”!
Imortal também pelos dialogos e expressões, segundo Taunay, entre outras:
_ “Saibamos morrer! Dirão os sobreviventes, o que fizemos”. (Buscando elevar o moral num momento difícil da epopeia).
_ “Prometeu-me o governo dar-me, a título de recompensa, trezentos mil réis, mas nunca os pagou. Perdoei-lhe a dívida”. (Sobre uma ferida incurável que tinha na planta do pé).
_ “Nada sei, sou sertanejo, os senhores que estudaram nos livros, é que sabem”. (Em discussão no acampamento dos soldados).
_ “Desafio todos os engenheiros com as suas agulhas e plantas. Nos campos da Pedra-de-Cal[1] e Margarida sou rei”. (Sobre o caminho a ser tomado pela tropa em direção à Jardim).
_ “Só Deus eu e meu filho podemos ir de minha Fazenda ao Apa pelo campo”. (sobre o trajeto entre a Fazenda Jardim e o rio Apa).
_ “O da minha cabeça”. (Sobre o rumo que seguiria para frustrar uma tocaia dos paraguaios).
_ “Bem se vê que os senhores são novatos nessa terra”. (Aos oficiais e soldados da expedição).
_ “Quando alguém, pelo campo procura caminho nunca deve parar”. (Orientando a retirada da tropa).
_ “Deus que tudo determina, salvou-o várias vezes das mãos dos homens para tomá-lo hoje”. (Sobre a morte do Filho2)
_ “Agora que importa? Entreguem à terra o que lhe pertence”. (Quando lhe disseram que a terra em que seu filho seria sepultado estava encharcada).
_ “Salvei a expedição! O senhor que o sabe há de dizer”. (Ao tenente-coronel Juvêncio, pouco depois de atacado pela Cólera-morbo).
_ “Reparem neste campo verde escuro, é o meu retiro. Não chegarei lá. Os senhores é que em breve estarão em Nioaque”. (Pouco antes de morrer).
Documento Assinado por José Francisco Lopes
A um documento inédito[3] do Guia Lopes falando da sua situação na data de 15 de fevereiro de 1867, cujo teor é o seguinte:
“Conforme as ordens recebidas sahi do acampamento de Nioac a 30 de janeiro dirigi-me a Colônia de Miranda em exploração dos pontos e lugares occupados (-) pelos Paraguayos.
Tenho a honra de particioar a V. S. que encontrei vestígios de uma ronda de dez homens a Cavallo e reconheci que haviam parado e feito pouso naquella Colonia.
Do lado do Apa notei fumaça de fogo nos campos e no Desbarrancado a sete Légua daqui verifiquei que antes das chuvas que cahiram no fim do mês próximo passado, ahi esteve uma partida inimiga.
Communico também a V. S. que vários objecto fora por mim encontrados numa ronda em agosto, havião desapparecido; o que me fes suppor que os paraguayos os tinham transportados allem do Apa.
Apresento a V.S. os meus sentimentos de respeito e alta consideração.
Deos Guarde V.Srª
Nioac 15 de Fevereiro de 1867
IImo. exm° Senr Coronel Carlos Moraes Camisão
Dignissimo command° das Forças
José Francisco Lopes”
[1] Pedra de Cal, Rio e Região – Atualmente denominado de Rio Piripucu, afluente, pela margem direita, do rio Apa, município de Bela Vista. Bacia do rio Paraguai.
História. Afonso Loureiro, Atanásio Melo e Davi Medeiros exploraram os campos do rio Piripucu, em 1874, para fazer posse. O rio era também conhecido como Pedra-de-Cal, cujo nome foi dado por José Francisco Lopes, o dedicado guia das forças expedicionárias de Mato Grosso, na campanha do Apa, em 1867. Na obra Retirada da Laguna aparece com o nome de rio das Cruzes. O termo “campos da Pedra-de-cal” refere-se toda a vasta mata e campos sujos das margens do rio.
[2] José Francisco Lopes Junior, filho do primeiro matrimonio com dona Maria Pereira.
[3] Foto arquivo do nono Batalhão de Suprimento,Guia Lopes, Memorial Guia Lopes. C. Grande.
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O Guia Lopes, José Francisco Lopes
e a cidade que lhe homenagea
Guia Lopes da Laguna
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