PASSO DO CACHOEIRINHA (município
de Jardim – MS.
ROTEIRO PARA CERIMÔNIA DE INAUGURAÇÃO DO MARCO DA
ESTRADA DO JARDIM
Material cedido pela Relações Pública - Comunicação Social - 4ª Cia. Eng. Cmb. Mec. - Jardim - MS.
Material cedido pela Relações Pública - Comunicação Social - 4ª Cia. Eng. Cmb. Mec. - Jardim - MS.
Senhoras e Senhores. Bom Dia!
2. ANÚNCIO DAS AUTORIDADES
Encontram-se presentes nesta cerimônia as seguintes
autoridades:
3. FINALIDADE
Esta
solenidade tem por finalidade, realizar a inauguração do décimo marco histórico
implantado, para demarcar o itinerário percorrido, em 1867, pela Força
Expedicionária de Mato Grosso, durante a Retirada da Laguna.
Este
ato faz parte de um projeto cultural da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada,
iniciado em 2012, que tem os seguintes objetivos:
- Homenagear todos aqueles que derramaram seu
sangue em defesa de suas pátrias, durante a Guerra da Tríplice Aliança.
- Divulgar a Retirada da Laguna, fomentando o
interesse por este importante episódio histórico, contribuindo para o estudo da
história, no Brasil;
- Proporcionar uma adequada e fácil identificação
dos locais, de grande relevância histórica, ligados a essa epopeia; e
- Criar novas atrações turísticas e culturais na
região.
Sua
concepção está sendo balizada por uma meticulosa pesquisa histórica e
geográfica, com base em documentos e publicações da época. E sucedida por uma
minuciosa busca por artefatos metálicos, extraviados por tropas brasileiras
e/ou paraguaias, durante a retirada.
Essa
pesquisa pretende chegar o mais próximo possível do provável itinerário
percorrido durante aquela fatídica Epopeia. E para que, futuramente, não se
percam as referencias, este projeto pretende implantar 117 marcos padronizados
de concreto, a cada 2 Km, em média.
Hoje,
nos encontramos reunidos, para inaugurar o marco que balizará o Passo do
Cachoeirinha, que ficava nas proximidades do Retiro da fazenda do Jardim,
propriedade do senhor José Francisco Lopes.
4. LEITURA DA SINOPSE HISTÓRICA DA ESTRADA DO
JARDIM.
O
(???) realizará a leitura de alguns trechos retirados dos seguintes livros do
Visconde de Taunay: A Retirada da Laguna, edição de 1874 e Reminiscências,
edição de 1908.
No
dia 26 de Maio de 1867, 130 moribundos de cólera haviam já sido entregues à
generosidade da sorte e dos paraguaios, que não lhes pouparam as curtas horas
de vida; não tínhamos mais bois de carro, para comer, mais pólvora e mais
esperança. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 332)
A marcha desse dia era decisiva. Íamos sair da zona
desconhecida, e a todo o transe urgia alcançar a fazenda do Jardim, onde se
achariam laranjas para matar a fome, e talvez gado! (Taunay, Reminiscências,
1908, Pag 333)
Aliviados do peso dos doentes, que nessa manhã
mesmo, haviam ficado abandonados no pouso do Prata, nossos soldados andavam
aguilhoados por pungente desespero. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)
O Sol era ardente: os campos abertos e vastos.
(Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)
A coluna formava um grande quadrado. Na frente, ao
longe, viam-se grupos de cavaleiros vestidos de encarnado, à retaguarda outros
mais compactos. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)
De vez em quanto escoava um tiro isolado, ou então
apertava o tiroteio, a que se unia a voz grave de um dos nossos canhões. Quando
não, caminhava-se em silêncio, ouvia-se o vozear dos carreiros a tangerem os
poucos e magros bois, que vinham ainda puxando as nossas peças de artilharia.
(Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)
O quadrado brasileiro levava, em seu seio, a morte
e o desalento. As carretas da artilharia iam atulhadas de moribundos. Num carro
manchego, o Coronel Camisão estava deitado a fio comprido, com o chapéu sobre
os olhos, ao lado do Tenente Sílvio, que, nas vascas da agonia, rolava por cima
do corpo de seu chefe e sobre ele vomitava; noutras carretas Juvêncio, Vicente,
Miró, oficiais e praças, mortos ou a morrer, sacudidos por dolorosos
solavancos. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 333)
De vez em quando caiam por terra soldados até então
válidos, e a custo agarravam-se a alguma carreta ou resignadamente ali ficavam
à espera dos paraguaios e dos urubus. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334)
Na frente dessa força, verdadeiramente fantástica,
mais cadáveres ambulantes, do que homens, caminhavam. A cavalo, destacando dela
e curvado sobre o selim, um velho. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334)
Era o Guia, José Francisco Lopes, que puxava atrás
de si toda aquela gente por sertões que só deus e ele conheciam. (Taunay,
Reminiscências, 1908, Pag 334)
Na véspera morrera-lhe o filho mais velho; agora
vinha ele, abatido, com os olhos encovados, reconhecendo em mil sinais
familiares, para a cansada mente, a aproximação da sua casa do Jardim. (Taunay,
Reminiscências, 1908, Pag 334)
Faltava pouco para que sua missão fosse cumprida;
uma légua, se tanto, e o desconhecido do deserto desapareceria para sempre, e a
frente pisaria em estrada trilhada e segura. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag
334)
A marcha era lúgubre, tanto mais horrível, quanto a
beleza das perspectivas. A louçaria da natureza fazia contraste com tamanhas
desgraças. Tudo sorria ao redor de nós. Entre nós só as cores de nossas
bandeiras respondiam a esse bafejo de alegria. (Taunay, Reminiscências, 1908,
Pag 334)
Cheguei-me para perto de Lopes. (Taunay,
Reminiscências, 1908, Pag 335)
- Doutor, disse-me, olhe para ali. Meu gado manso
vinha pastar naquele barreiro. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)
- Olhe para este campo de um verde carregado; é o
meu retiro, não chegarei lá”. (TAUNAY, A Retirada da Laguna, 1874, Pag 182)
- Daqui a pouco, vocês estarão vendo o cercado e
dentro em breve estarão em Nioac. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 334 e
TAUNAY, A Retirada da Laguna, 1874, Pag 182)
O velho tentou sorrir e disse. (Taunay,
Reminiscências, 1908, Pag 335)
- Quanto a mim sinto que minha vez está chegando.
(Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)
Mal pronunciara estas palavras, os estribos lhe
faltaram e com surdo gemido caio do cavalo abaixo. (Taunay, Reminiscências,
1908, Pag 335)
Estava com o cólera. Era um companheiro a mais,
para os infelizes que se contorciam de câimbras em cima das duras tabocas dos
cofres da artilharia. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)
E, encolhendo-se todo, cobriu a cabeça com um trapo
de manta. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)
Pouco, muito pouco faltava para que se chegasse à
estrada, entretanto ninguém sabia mais como dirigir a coluna. (Taunay,
Reminiscências, 1908, Pag 335)
Gabriel Francisco, genro de Lopes, que estivera já
nesses campos, esquecera-se das localidades. Suas indicações eram duvidosas; às
vezes mostrava as reminiscências. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 335)
Numa ocasião tentou atravessar uma mata e fez parar
a coluna. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 336)
O velho
Lopes levantou a cabeça. Seus olhos empanados cobraram brilho, e ele fez sinal
com a mão para que viessem ouvi-lo. (Taunay, Reminiscências, 1908, Pag 336)
- Rodeiem o cerrado, ordenou, porque é muito sujo.
Por trás, fica logo à direita, o Retiro.
Cumpriu-se a ordem e, em uma das mais esplendidas
tardes, que jamais vi, chegamos de fronte a colina junto da qual está o retiro,
antigo lugar onde se reunia o gado da estância, que Lopes mostrara-nos de
longe, pouco antes. (Taunay,
Reminiscências, 1908, Pag 336 e A Retirada da Laguna, 1874, Pag 182 e 183)
O sol declinava; grandes raios alaranjados
saiam-lhe do disco no fundo do horizonte e realçavam o mais admirável panorama,
tão esplendido que ainda hoje o representa a memória. Essas belezas eternas da
natureza tornavam ainda mais pungente para nós o sentimento de nossa ruina
próxima, e absorvia-nos esta contemplação, quando um esquadrão paraguaio
apresentou-se a galope com evidente intenção de cortar-nos, em algum ponto, a
nossa linha desigual e interrompida: mas, tendo toda a força feito alto, como
por si mesma, vimo-nos preservados desse ataque . (TAUNAY, A Retirada da
Laguna, 1874, Pag 182 e 183)
Acampamos nesse mesmo lugar, tendo feito quatro
léguas de marcha forçada, privados como estávamos de alimentação e de sono; a
necessidade coagia-nos, penetramos no fechado do retiro. (TAUNAY, A Retirada da
Laguna, 1874, Pag 183)
O Coronel Camisão, o Tenente-coronel Juvêncio e o
nosso guia Lopes foram acomodados em um rancho arruinado, perto do qual se
acenderam grandes fogueiras para ver se lhes restituíamos o calor. Alguns
limões e laranjas que lhes trouxeram, acalmaram-lhes um tanto a sede (TAUNAY, A
Retirada da Laguna, 1874, Pag 183)
Na manhã do dia 27, os inimigos aproximaram-se
ainda de nós, parecendo querer atacar-nos na passagem do regato a que o retiro
dá o nome de Cachoeirinha; mas contiveram-se diante da atitude do 17° Batalhão
de Voluntários que formava a nossa retaguarda, e a marcha recomeçou como na
véspera. O coronel Camisão, já sem voz, era levado encima de um armão de peça,
Lopes encima de outro, o tenente-coronel Juvêncio em uma rede, bem como muitos
outros oficiais e inferiores. Tinham morrido três deles no pouso do retiro
(TAUNAY, A Retirada da Laguna, 1874, Pag 183 e 184)
Este
marco, que se encontra a nossa frente, deveria ser implantado a 930 metros
desta posição, na margem esquerda do Córrego da Cachoeirinha, no local, onde
existiu um antigo passo, que foi muito utilizado até a construção da 1ª ponte
de concreto da BR velha, que ligava Jardim a Porto Murtinho.
Porém
para dar maior visibilidade e importância a esse projeto, este marco foi
relocado para próximo desta estrada vicinal, que é muito utilizada e de fácil
acesso, tudo com o intuito de haver uma maior divulgação sobre a Retirada da
Laguna.
Ainda,
para dar maior segurança a este pequeno monumento, o Senhor João Carlos Ávilla
da Silva, gentilmente nos cedeu esse espaço, dentro de sua propriedade, para
que o implantássemos. Ajudou-nos também, deixando que realizássemos nessa área,
buscas por artefatos metálicos abandonados pelas tropas durante a retirada.
Essas
buscas não obtiveram sucesso, talvez por se tratar de uma área que teve seu
solo muito explorado, pois já funcionou aqui uma grande cascalheira e um
importante areeiro.
5. INAUGURAÇÃO DO MARCO
Neste
momento, convidamos o Sr (???) e o Sr João Carlos, para realizarem a
inauguração do marco histórico.
6. ENTREGA DE BRINDE
Convidamos
o Sr João Carlos para receber, das mãos do Maj Niedson, uma pequena lembrança e
um diploma como forma de agradecimento, pelo apoio prestado a pesquisa e a este
evento, bem como pela autorização concedida para implantação deste Marco.
7. HOMENAGEM AOS QUE PERECERAM NA GUERRA DA
TRÍPLICE ALIANÇA E TOQUE DE SILÊNCIO
Para
homenagear todos os heróis que pereceram durante a epopeia da Retirada da
Laguna, será colocado um arranjo de flores no monumento, e para esse ato
solene, convidamos o Sr (???) e o (???)
Em
homenagem aos que aqui deixaram suas vidas em prol de suas pátrias, o
respeitoso toque de silêncio.
8. ENCERRAMENTO
Está
encerrada a presente solenidade, o Sr Major Niedson, Cmt da 4ª Cia E Cmb Mec,
agradece a presença de todos e os convida a visitar o Marco do Passo do
Cachoeirinha.
BIBLIOGRAFIA:
1. TAUNAY, Alfredo D’escragnolle. A RETIRADA DA
LAGUNA, EPISÓDIO DA GUERRA DO PARAGUAI. Tradução de Salvador de Mendonça.
Typographia Americana. Rio de Janeiro 1874.
2. TAUNAY, Alfredo D’escragnolle. REMINISCÊNCIAS.
Livraria Francisco Alves & C. Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte,
1908.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir