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SEJA BEM VINDO A GUIA LOPES DA LAGUNA - MATO GROSSO DO SUL - BRASIL. HOJE é

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TRANSLADO DOS RESTOS MORTAIS DO "GUIA LOPES" - RJ.


TRANSLADO DOS RESTOS MORTAIS DO "GUIA LOPES" DO CEMITÉRIO DOS HERÓIS - JARDIM-MS. PARA A PRAIA VERMELHA - RIO DE JANEIRO - RJ.
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA
 
Guia Lopes da Laguna, Nossa Terra, Nossa Gente, Nossa História, 1858 a 1958.  Dalmolin , José Vicente). Campo Grande, MS : Livraria e Editora ..., 2011.
 
1.  Guia Lopes da Laguna. 2 , História Regional. 3. Município de Mato Grosso do Sul..
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O Translado dos restos mortais de José Francisco Lopes Para o Rio de Janeiro
 
 
            Ao elaboramos o Memorial descritivo sobre o Cemitério dos Heróis da Retirada da Laguna, tínhamos uma questão a responder: Porque foi feito o translado dos restos mortais do Guia Lopes, Coronel Camisão e Juvêncio para o Rio de Janeiro? Oferecemos aos leitores do nosso trabalho  detalhes que provocaram este translado, cuja origem inicia-se em 1929 e é concluído em 1941.   Ressaltamos, que o Monumento aos Heróis de Laguna e Dourados foi inaugurado oficialmente em 1938 e os restos mortais depositados na cripta em 1941, depois de uma longa peregrinação.  Lembramos ainda, que nesta data, as cidades de Guia Lopes da Laguna e Jardim, estavam no inicio de suas fundações.


 
 
Praça General Tiburcio com o Morro da Urca ao fundo
            Hoje, o CHRL, apresenta aspecto de relativa conservação, o que não ocorrida nos idos da década de 1930/40.  Quando ouvimos algumas pessoas comentarem que deveria retorna para a origem os restos mortais, entre eles o do Guia Lopes, acreditamos, que após a leitura desta Unidade, mudarão de opinião, e que eles  repousam em paz onde estão. Parte do texto seguinte fora escrito por Flamarion Pinto de Campos76 com alguns comentários  inseridos por nossas análises.
 
 
 
 As origens do Monumento
 
“Em 20 de maio de 1920, no Clube Militar, o emérito professor General José Feliciano Lobo Viana, como dissera, “ante um selecto e intelectual audictório , não farto de chimeras não bordado de sonhos , mas tecido, rendilhado de realidades real” relembrou, com tintas vivas, o 53º aniversário da morte do Coronel Carlos de Moraes Camisão, e Tenente-Coronel Manuel Cabral de Menezes, respectivamente, chefe e vice-chefe do  Corpo Expedicionário de Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso e Amazonas, de 1865, que rumou para o  norte do Paraguai, como revide a uma afronta à Pátria.
 
Aí presentes estavam:  o representante do Presidente da Republica, Dr. Epitácio da Silva Pessoa; o Ministro da Guerra, Dr. João Pandiá Callogeras; Marechal João José da Luz, um dos sobreviventes da Retirada e a época, Alferes do 17º Batalhão Voluntários da Pátria; a Exma. Sra. Constança Elizza Camisão, irmã do Coronel Camisão;  o Marechal Chefe do Estado Maior do Exército; o Chefe da Missão Militar Francesa. General Maurice Gamellin; oficiais generais; oficiais,; juventude militar,; senhoras e senhores.
 
O conferencista, em linguagem escorreita e fluente, faz um relato minucioso, completo, vivo e impressionante, da cruciante jornada da Laguna, o qual não só encantou sobremaneira e sensibilizou a quantos o ouviram, como mereceu de imediato, do Senhor Ministro da Guerra, a determinação para a impressão de 2.000 exemplares desse primoroso tabalho, para distribuição a autoridades, quartéis, escolas e bibliotecas.
 
 
Praça General Tiburcio com o Pão de Açúcar ao fundo
 
 
 
Na Escola Militar, entretanto, a repercussão foi ao máximo e o entusiasmo tomou conta dos alunos, ultrapassando todos os limites do mais sadio civismo.   Ante esse estado de espírito da fina flor da juventude militar, o presidente da Sociedade Bibliotecária (SBA) aluno Osório  Tuyuty de Oliveira  Freitas, convoca uma reunião para tratar desse relevante assunto,  a fim de se concretizar a idéia em  ebulição, no dia 24 de Agosto de 1920.   No decorrer da sessão, após calorados pareceres, o aluno Napoleão de Alencastro Guimarães, propõe que “os membros  da Diretoria da SBA e do Corpo Redatorial da Revista Cruzada, constituíssem a Comissão, para tratar do que estava em pauta”.   Sem discussão qualquer e por aclamação, essa proposição foi aprovada unanimemente.  Aí estava presente o 1º Tenente Pedro  Cordolino Ferreira de Azevedo, da Escola, que, aproveitando o ensejo faz a sua proposta “para que se saldasse, de maneira mais significativa, a dívida contraída pela Pátria, para com os Heróis da Laguna e de Dourados, erigindo-se-lhes um grande e majestoso monumento.   Como a proposta anterior, mas vibrante e entusiasticamente e de pé, ela foi aclamada por unanimidade. (...)
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Trecho do Discurso do Governador de Mato Grosso, então Bispo D.Aquino Correa
 
“Meus senhores, antes de encerrar a presente conferencia, compre-me prestar singela homenagem ao então Arcebisto de Cuiabá.Dom Francisco de Aquino Correia, lendo três estrofes de poema de sua autoria que fora lido na manhã do dia 15 de Novembro de 1941, por ocasião da cerimônia da  transladação das cinzas dos bravos heróis  da Laguna e Dourados para a cripta do monumento.

Assim vós, ó heróis de minha terra,
Prostados pelo monstro atroz da guerra,
Viestes nesta praia repousar,
Onde hão de nos falar, eternamente,
Das vossas glórias a montanha e o mal
 
Camisão! Mártir do dever, que expiras,
Pedindo ainda a espada com que firas
A última pugna em prol dos teus ideais,
Guia Lopes! Espectro venerado
Dum novo  Cid Campeador, salvando
Quase morto, as bandeiras nacionais!
 
E lá, do pícaro do Corcovado,
Numa apoteose imensa, lado a lado,
Cristo vos abre os braços, desde os céus,
Que o bravo como vós, que de alma forte
Na fé e no dever, até a morte
Cai pela Pátria, voa para Deus”.
 
Dom Aquino Correa
 
 
O Monumento, de autoria do escultor Antonino Pinto de Mattos, depois da base circular, vai subindo e se adelgaçando.    No início da circunferência de 53 metros em granito branco de Petrópolis, forma o pé do Monumento, que serve de apoio à porção mais impressionante da obra estrutural.    Nesta é que se desenha e ressalta, emocionante e vívida, a seqüência dos fatos culminantes da Retirada:

MONUMENTO HERÓIS LAGUNA E DOURADOS


MONUMENTO HERÓIS LAGUNA E DOURADOS


MONUMENTO HERÓIS LAGUNA E DOURADOS


MONUMENTO HERÓIS LAGUNA E DOURADOS - GUIA LOPES


MONUMENTO HERÓIS LAGUNA E DOURADOS - GUIA LOPES

 
MONUMENTO HERÓIS LAGUNA E DOURADOS - CRIPTA COM OSSOS GUIA LOPES
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Os translados dos restos mortais

           
            (...) No principio de 1940, iniciou-se os translados dos restos mortais do Cemitério dos Heróis, município de Jardim-MS para a cidade de Aquidauna, utilizando as viaturas automotoras da época.
 
            Da cidade de Aquidauna, então parte do Mato Grosso uno, no mês de Novembro de 1941, os restos mortais, do Coronel Camisão, Coronel Juvêncio, Guia Lopes, Tenente Antonio João embarcam em um vagão de trem especial com destino ao campo santo idealizado por devotados militares e colaborados do início da década de 1929.
 
            O trem, em vagão especial, passando por diversas cidades, receberam significativas homenagens do povo, militares, autoridades.   Em Campo Grande recebera homenagem da 9º Região Militar e do povo.   Durante o trajeto até São Paulo, receberam inúmeras manifestações cívicas e as mais calorosas e emocionantes, nas paradas normais nas estações ferroviárias.   Em São Paulo, as urnas foram levadas para a Igreja de São Bento, onde receberam  homenagens, foi rezada missa e teve visitação ao povo.  
 
            Nesta ocasião, incorporou as urnas com os restos mortais vindos de Mato Grosso80, uma outra chegada de Alfenas, Minas Gerais, com os restos Mortais do General João Antonio da Costa Campos, Alferes do 21º Batalhão de Infantaria na Retirada da Laguna e pai do acompanhante desses despojos, o então Capitão de Artilharia Flammarion Pinto de Campos, do serviço de material bélico da 9º Região Militar.
Praça General Tibúrcio
 
 
Partiram de São Paulo no dia 14 de Novembro de 1941, acompanhadas de elementos da Comissão Central do Monumento, com manifestação expressiva da  2º Região Militar e do povo.
 
            No trajeto até o Rio de Janeiro, receberam carinhosas manifestações por onde passaram e pararam, chegando ao Rio de Janeiro, no dia 15 de Novembro de 1941, aniversário da Proclamação da República do Brasil81.  Recebida solenemente as cinco urnas foram transportadas com escolta para o Monumento.    Aguardavam-nas, aí, o Dr. Getulio Vargas, Chefe do Governo; General Eurico Gaspar Dutra, Ministro da Guerra; Almirante Aristides Guilherme, Ministro da Marinha; Dr Joaquim Pedro Salgado Filho, Ministro da Aeronáutica; Bispo Dom Aquino Correa82, orador oficial; General Góis Monteiro, oficiais generais, Tenente Coronel Cordolino, autoridades, oficiais, cadetes, escolas, estandartes de Organizações Militares (OM) e de associações varias e o povo.   A solenidade transcorreu em ambiente de civismo, significativas culminando com o discurso de Dom Aquino, que proporcionou uma magnífica aula de História que sensibilizou e empolgou a todos os que ouviram.
 
            O major Lopes Novais83 assim proferiu em sua conferencia em comemoração do dia da Retirada da Laguna e Morte do Guia Lopes: 
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Inauguração Oficial do Monumento
 
A inauguração oficial do Monumento ocorreu no dia 29 de Dezembro do ano de 1938.   Estavam presente a este ato solene as seguintes personalidades:
·         Dr. Getulio Vargas, Exmo Sr. Presidente da República do Brasil;
·         Ministros; autoridades generais; oficiais; cadetes; escolas; estandartes das OM; associações várias; tropas militares;
·         Tenente-Coronel Pedro Cordolino Ferreira de Azevedo, figura máxima desse empreendimento do memorial Histórico e também orador oficial, que encheu sua alma de alegria e extravasou, em puro civismo, o que transmitira aos presentes, pelo cumprimento da significativa missão que assumira em 1929 com os outros devotados companheiros e que naquele instante solene contemplava, senão genuflexo, mas com humildade cristã, como era de seu feitio, o coroamento da obra; e o seu discurso emocionou a todos.
·         General Raphael Tobias de Souza Vascocellos, herói e último sobrevivente, que na ocasião da Retirada da Laguna era Alferes do 17º Batalhão de Voluntários da Pátria,  e, aí, nessa oportunidade feliz, foi condecorado pelo Governo com a medalha Ordem do Mérito Militar.
 
Assim, estava inaugurado o Monumento aos Heróis da Laguna e Dourados, fruto do esforço de uma plêide de bons brasileiros, amantes da História, da Cultura, do Civismo e amor a Pátria.   Exemplo a ser seguido pelas autoridades, estudantes e o povo do Nosso Estado de Mato Grosso, respeito e resgate dos locais sagrados por aqueles brasileiros que percorreram nos dizeres do Título da Obra do Historiador Acyr Vaz Guimarães – “Seiscentas Léguas a Pé”  para a defesa das terras sul-mato-grossenses.
 

 MONUMENTO HERÓIS LAGUNA E DOURADOS
 
 
 
 
 


81 A República Brasileira foi proclamada no dia 15 de Novembro de 1889, pelo então Marechal Deodoro da Fonseca e demais, substituindo a forma de Governo Monárquica.
82 Francisco de Aquino Correa, Bispo de Cuiabá, assumiu o Governo  de Mato Grosso em 22 de Janeiro de 1918, no cargo de Presidente do Estado, até 1922, nos dizeres de Demosthenes Martins, História de Mato Grosso s/d. “Titular de nome consagrado nos cimos da cultura nacional”. Poeta, escritor, intelectual, religioso, político, filosofo, foi o criador da Academia  Mato-grossense de Letras.
83 Major Int. Jacy Lopes Novais – Conferencia pronunciada no circulo militar de Campo grande em 27 de maio de 1959, data do falecimento do Guia Lopes.


80 Até 11 de outubro de 1977, o Mato Grosso era um território uno, através da Lei Complementar  n° 31 a Constituição  Federal, divide o Território do Estado e no desmembramento, cria-se o atual Estado de Mato Grosso do Sul, daí, deve-se entender que todos os fatos históricos até esta data diz respeito a Mato Grosso, mesmo que ocorridos onde hoje faz parte do novo Estado, no caso deste estudo, os translados dos restos mortais dos nossos líderes vitimados durante os combates na Guerra  do Paraguai.
 
 


76 Matéria extraída de Conferência proferida pelo autor, em 25 de dezembro de 1988, do Arquivo Histórico do Exército, ao ensejo do cinqüentenário da inauguração do monumento aos heróis de Laguna e Dourados, erguido na Praia Vermelha, Rio de Janeiro-RJ.
 

 

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