SEJA VEM VINDO

SEJA BEM VINDO A GUIA LOPES DA LAGUNA - MATO GROSSO DO SUL - BRASIL. HOJE é

SELECIONAR IDIOMA

19 DE MARÇO DE 1938 - ATO RELIGIOSO FUNDAÇÃO


19 de Março de 1938

Ato Oficial e Religioso da  Fundação da Cidade de Guia Lopes da Laguna


Depoimento Histórico Inédito

Testemunha Ocular da História, Sargento Odilon Queiros.

(Destacamos apenas alguns trechos do Livro “No Transpirar da Vida”






“Logo depois da festa tão providencial que o Sr. Fábio Martins Barbosa trouxera à luz como verdadeiro facho à realização da fundação do patrimônio, no mesmo dia reuniram-se os principais companheiros, e num bom entendimento, ficou programado o que se tinha a fazer, marcando-se a data da fundação de Guia Lopes da Laguna para o dia l9 de março, dia de S. José, apenas 34 dias após. Não deixamos de passar um telegrama para o governador do Estado, participando-lhe dos bons acontecimentos que promulgavam o fundamento do citado patrimônio.


Os urgentes trabalhos, mais que simples, à sua fundação, foram os seguintes:


a) Confecção de uma planta provisória da urbanização do anunciado burgo.

b) Traçados das respectivas ruas, quadras, lotes e praças.

c) Construção de uma igrejinha.

d) Construção de um rancho para escola.

e) Construção de um poço público.

f) Compra de material.

g) Corte de madeira, palha e transporte.


Empreitou-se a mão -de- obra da construção da igreja, com o paraguaio Liberato Delgado por 600$000 réis, cujo prédio, de 8m x 4m, de taipa, rebocado, caiado por dentro e por fora, como uma porta à frente, uma do lado direito e uma janela no lado esquerdo, coberto de telha francesa.


A madeira, dada gratuitamente ao pé da obra, pelo fazendeiro Macário Aristimunha

A construção do rancho para a escola ao lado da igreja foi empreitado com o sr. Pedro Rodrigues da Silva, pela quantia de 170$000 réis sendo o seu tamanho de 8m x 4m, cujas paredes, portas e janelas de taquaruçu rachado bem batido e a coberta de palha de bacuri. O poço foi aberto e construído por dois trabalhadores pago pelo Sr. Basílio Barbosa, como ajuda a fundação do patrimônio.


No dia 14, segunda-feira, iniciou-se os trabalhos. Com uma cruzeta, tendo em cada ponta um prego de 15x15 para melhor visada, corrente de agrimensor, trena e balizas, eu, Bulhões, Fioravante e algumas praças disponíveis sem prejuízo de seus deveres e obrigações, começamos as demarcações de Guia Lopes da Laguna com medições de quadras, lotes, ruas e praças que, em face dos instrumentos competentes.


A procura de compras de lotes relativamente boa, em poucos dias tínhamos vendido bastante. Tendo assim que, na inauguração da fundação do patrimônio, já havia construções bem adiantadas, como as dos Monteiros, a do Nenê Barbosa e outras...


As escrituras eram passadas pelo tabelião de Nioaque, Sr. Sebastião Medeiros, que a chamado nosso, vinha para tal.


De cada lote vendido, cabia ao Sr. José Francisco Filho, o doador das terras, no mínimo 20$000 réis que na ocasião, sempre estava presente, porque mandávamos chamá-lo para os devidos fins, isto, de acordo com a nossa proposta, o que não esperava.


Note-se que um hectare de terra naquela época, era bem vendido por 15$000 nessa região.

O caminhão que transportava as telhas de Aquidauana fora solicitado por mim ao Senhor Major Amaurílio Osório, que estava comandando interinamente o Batalhão.


... Na viagem de Aquidauana para Jardim transportando telha e a imagem de S. José, além do motorista e o ajudante,...


... Registro aqui os trabalhos executados por praças voluntariamente:


a) Para servirem de altar: - 1 pequena mesa e 3 caixotes; 1 andor e 1 mastro para hasteamento a Bandeira Nacional, pelo soldado carpinteiro Roriz;

b) Destocamento, roçada, capina e limpeza de uma área de 100m x 50m, compreendida entre a faixa da estrada e o local da igreja e escola, por uma turma de 20 sds, depois de terminados os seus deveres na Cia., nos dias 17 e 18 de março, sendo que, eu mesmo, dei um murro danado por carregar galeotas e carrinhos, de tocos, pés de caraguatá, de guavira e cinzas das coivaras que tocamos fogo, até ao escurecer da véspera, sexta-feira, dia 18, para ficar bem limpo...


... Na ocasião fui buscar as telhas e a imagem de S. José em Aquidauana, estive com os Padres Redentoristas – Norte Americanos.  Com absoluta franqueza os cientifiquei de toda a nossa história, dizendo-lhe por fim, que não podíamos pagar-lhes nenhum transporte para a ida de um padre no dia 19 de março, dia de São José, a fim de celebrar a primeira missa, proceder à bênção e o batismo de Guia Lopes da Laguna.


Peço-lhes! É preciso! – falei-lhes numa súplica de fé.

O Sr. Ver. Padre Francisco Mohr, Superior daquela congregação – (C.S.S.P.) respondeu-me delicadamente: “Podem ficar descansados. Com a ajuda de Deus, no dia 19 impreterivelmente, estará lá um padre, para atender todos os atos e cerimônias religiosos”.


No dia 18 à tarde, recebi um telefonema de Nioaque por intermédio do telegrafista Benevides daquela cidade – chefe da Agência dos Correios e Telégrafos Nacional, dizendo que o Padre Paulo Butler, norte-americano, chegaria a Fazenda Jardim, às 8 horas da manhã, 19...


... O altar da pequena igrejinha foi arrumado e ajeitado da melhor forma possível pela minha mulher e outras senhoras. Ficou bem bonitinho, muito embora, como se vê, de maneira bem modesta.


À igreja e à escola, bem como no respectivo pátio, foram colocados cordões de bandeirinhas de papel de cores, de vez que, nada mais, como ornamentação, pode se fazer...


... Finalmente chega o dia l9 de março de 1938 num belo Sábado.

Nasce acalentado por uma alvorada promissora. Uma salva de 21 tiros de bonitos estrondos festivos e muito ecoantes se iam dobrando pelos espigões das cabeceiras e pelos vales animadamente, anunciando bem longe, por toda a redondeza, a aproximação do aparecimento de Guia Lopes da Laguna...


... Às 9 horas, quando muito, chegou o padre Paulo na sua própria condução, uma camioneta, transportando ainda de Nioaque o nosso amigo Chavasco e outros elementos de prestígio daquela cidade, onde o povo, infelizmente, também não acreditava na história de um patrimônio, por achá-la sem pé e sem cabeça o qual inventada de uma hora para outra, e, por simples sargentos. Além disso, não o olhava com bons olhos...


... A multidão já era verdadeiramente grande quando o padre Paulo chegara.

Jardim, portanto estava em festa. O povo se espalhara por toda a parte; onde se vendia café, comestível, bebidas e outras cousas, ficava tomada de pessoas; e a chegar, se via grupos a cavalo constituídos de homens, senhoras, moças, rapazes e crianças bem vestidos...


...O Tenente Dipp entendendo-se com o comandante do Btl. de Aquidauana, a respeito, pelo telefone, obteve a devida autorização para tal, sendo por isso, considerado feriado na 1a- Cia., dia 19, sábado, março, 1938.


Na frente da igreja e escola, estava preparado linheiro mastro de bonito taquaruçu com respectivo cordel, pronto para receber a Bandeira.


Às 10,30h, a 1a- Cia. estava em forma no acampamento numa linha bonita e correta. Às 11 horas em ponto o Ten. Dipp, comandando-a, deu ordem ao corneteiro Sd. Abílio Corrêa, a dar o toque de sentido. Incontinenti, a sagrada Bandeira foi hasteada sobre o toque de marcha batida num enérgico e vivo rufar de tambores. O entusiasmo atingira as raias de nossas mais profundas emoções de soldado, e a lembrança de nossos heróis da “Retirada da Laguna” que ali mesmo lutaram em 1867, invadiu os nossos corações e a alma, como suspensos sentíamos por elevados pensamentos que se assemelha ao Criador.


Em continuação à cerimônia, cantou-se o Hino Nacional. Ao seu término o Ten. Dipp com voz altiva e forte, deu vivas ao Patrimônio Guia Lopes da Laguna e ao Brasil, foi acompanhado por todos os presentes num arrojo impressionante de perfeito patriotismo...


... O Tenente Dipp entendendo-se com o comandante do Btl. de Aquidauana, a respeito, pelo telefone, obteve a devida autorização para tal, sendo por isso, considerado feriado na 1a- Cia., dia 19, sábado, março, 1938.


Na frente da igreja e escola, estava preparado linheiro mastro de bonito taquaruçu com respectivo cordel, pronto para receber a Bandeira.


Às 10,30h, a 1a- Cia. estava em forma no acampamento numa linha bonita e correta. Às 11 horas em ponto o Ten. Dipp, comandando-a, deu ordem ao corneteiro Sd. Abílio Corrêa, a dar o toque de sentido. Incontinenti, a sagrada Bandeira foi hasteada sobre o toque de marcha batida num enérgico e vivo rufar de tambores. O entusiasmo atingira as raias de nossas mais profundas emoções de soldado, e a lembrança de nossos heróis da “Retirada da Laguna” que ali mesmo lutaram em 1867, invadiu os nossos corações e a alma, como suspensos sentíamos por elevados pensamentos que se assemelha ao Criador.


Em continuação à cerimônia, cantou-se o Hino Nacional. Ao seu término o Ten. Dipp com voz altiva e forte, deu vivas ao Patrimônio Guia Lopes da Laguna e ao Brasil, foi acompanhado por todos os presentes num arrojo impressionante de perfeito patriotismo


Foi deveras um ato profundamente sugestivo. O majestoso Pavilhão Nacional agitava-se fremente no ar com altiva soberania como é o seu absoluto feitio, e se balouçando feliz e confiante na grandeza de seu abençoado destino, sobranceiramente, dava estalidos vibrantes de sensação na airosa vida, produzidos por carinhosa brisa que lhe beijava sofregamente.


A missa teve seu início logo em seguida. Carinhosamente e muito confiante às suas preces, o padre Paulo Butler procedeu a bênção e o batismo de Guia Lopes da Laguna. Desta forma tão solene e de toda a fé, foi celebrada a primeira missa em Guia Lopes da Laguna, ao seu nascer, por este padre norte-americano.


Às 16 horas houve procissão, o qual o bondoso padre Paulo opinou que se fosse até à ponte do rio Miranda. Era bonito ver-se a estrada de grande multidão que acorreu à festa, num cortejo de fé pelas cousas sagradas. Foi de fato uma grande procissão. Cantava-se com fervoroso entusiasmo em plena solidão e numa floresta soberba, em orações a Deus, os cânticos religiosos. Às 18 horas, o singelo andor com a imagem de S. José ao término da procissão, recolhia-se à sua capela – aquela igrejinha de taipa. Às 20 horas houve novena. O padre fez muita confissão até alta noite. Como tinha feito bastante lanternas de papel de cores para adaptação de velas, o respectivo pátio da igreja e escola ficou iluminado à noite durante as festividades.


Foi excluído do nosso programa de festa, o baile, porque não tínhamos o recurso necessário e nem meios para tal. Entretanto, pelas vizinhanças, na casa do sr. Fábio Martins Barbosa, na do Sr. José Francisco Lopes filho e de outras mais, não deixou de haver o “arrasta-pé”, porque é notório e muito justo nas campanhas mato-grossenses, um divertimento especial a agradecer a todos, estes, à chegada de parentes, amigos vindo até de longe, pois, em Mato Grosso a moçada, velhos, todo mundo, topam um “yeroki” de verdade, quer num salão, quer num terreiro sob armado caramanchão, espera o dia amanhecer ou então gritam bailando: “Não deixa amanhecer, moçada”!...


Obs.: Conteúdo Completo, bastidores políticos, estão no Livro

Guia Lopes da Laguna, Nossa Terra, Nossa Gente, Nossa História

José Vicente Dalmolin

(Aguardando recursos para a publicação)

(As imagens são de créditos do meu Livro)








Nenhum comentário:

Postar um comentário