Imagem do Guia Lopes, - José Francisco Lopes. - Original Extraído de A Epopea da Laguna - Lobo Vianna
- Rio De Janeiro 1938 - Impressa Militar
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11ª JORNADA CULTURAL DA RETIRADA DA LAGUNA
18 DE SETEMBRO DE 2015
JARDIM - MS. BRASIL
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SOLENIDADE REVITALIZAÇÃO CEMITÉRIO DOS HERÓIS DA RETIRADA DA LAGUNA
VÍDEO - 7 -
SOLENIDADE ATOR REPRESENTANDO VIDA E MORTE DO GUIA LOPES
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PROJETO:
Gel. Div. Lourival Carvalho da Silva e
Maj. Eng. Niedson de Carvalho Mendonça.
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COMANDO:
Gen. Ex Paulo Humberto Cesar de Oliveira
Cmt. CMO
Gen. Bda. Rui Yutaca Matsuda
Cmt. 4ª Bda. C. Mec
Gen. De Bda. Walter Nilton Pina Stoffel
Dir. DPHCEx
Maj. Eng. Carlos Alberto Galvão Magalhães
Cmt. Da 4ª Cia. E. Cmb. Mec
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"ESTE EVENTO FAZ PARTE DOS PREPARATIVOS PARA CELEBRAR OS 150 ANOS DA RETIRADA DA LAGUNA NO ANO DE 2017"
LINK PARA TODOS OS VÍDEOS DO EVENTO 2015
SOLENIDADE REVITALIZAÇÃO CHRL DESCERRAMENTO DA PLACA VÍDEO 1
SOLENIDADE REVITALIZAÇÃO CHRL PASSARELA VÍDEO 2
SOLENIDADE CHRL ATO RELIGIOSO VIDEO 3
SOLENIDADE CHRL ATO AOS MORTOS, TOQUE CORNETA SILENCIO VIDEO
4
SOLENIDADE NOS MONUMENTOS CHRL NARRATIVAS HISTÓRICAS VÍDEO 5
SOLENIDADE CHRL TUMULO CAMISÃO E JUVENCO VÍDEO 6
SOLENIDADE CHRL TAUNAY E MORTE DO GUIA LOPES VÍDEO 7
DESLOCAMENTO CEMITÉRIO A MARGEM DO MIRANDA VIDEO 8
NO PASSO DO RIO MIRANDA PARA FAZENDA JARDIM VÍDEO 9
TRILHA RIO MIRANDA A FAZENDA JARDIM VÍDEO 10
ACAMPAMENTO ENCENAÇÃO EVENTOS FAZENDA JARDIM VÍDEO 11
EXPOSIÇÃO CINEASTA RABELO FILME RETIRADA DA LAGUNA VIDEO 12
Sinopse Histórica da Estrada do Jardim.
“A leitura de alguns trechos[1]
retirados dos seguintes livros do Visconde de Taunay: A Retirada da Laguna,
edição de 1874 e Reminiscências, edição de 1908.
No dia 26 de Maio de 1867, 130 moribundos de cólera haviam já sido entregues à
generosidade da sorte e dos paraguaios, que não lhes pouparam as curtas horas
de vida; não tínhamos mais bois de carro, para comer, mais pólvora e mais
esperança.
A marcha desse dia era decisiva. Íamos sair da zona
desconhecida, e a todo o transe urgia alcançar a fazenda do Jardim, onde se achariam
laranjas para matar a fome, e talvez gado!
Aliviados do peso dos doentes, que nessa manhã mesmo, haviam
ficado abandonados no pouso do Prata, nossos soldados andavam aguilhoados por
pungente desespero.
O Sol era ardente: os
campos abertos e vastos.
A coluna formava um grande quadrado. Na frente, ao longe,
viam-se grupos de cavaleiros vestidos de encarnado, à retaguarda outros mais
compactos.
De vez em quanto escoava
um tiro isolado, ou então apertava o tiroteio, a que se unia a voz grave de um
dos nossos canhões. Quando não, caminhava-se em silêncio, ouvia-se o vozear dos
carreiros a tangerem os poucos e magros bois, que vinham ainda puxando as
nossas peças de artilharia.
O quadrado brasileiro levava, em seu seio, a morte e o desalento.
As carretas da artilharia iam atulhadas de moribundos. Num carro manchego[2],
o Coronel Camisão estava deitado a fio comprido, com o chapéu sobre os olhos,
ao lado do Tenente Sílvio, que, nas vascas da agonia, rolava por cima do corpo
de seu chefe e
sobre ele vomitava;
noutras carretas Juvêncio, Vicente, Miró, oficiais e praças, mortos ou a
morrer, sacudidos por dolorosos solavancos.
De vez em quando caiam por terra soldados até então válidos, e a
custo agarravam-se a alguma carreta ou resignadamente ali ficavam à espera dos
paraguaios e dos urubus.
Na frente dessa força, verdadeiramente fantástica, mais
cadáveres ambulantes, do que homens, caminhavam. A cavalo, destacando dela e curvado sobre o
selim, um velho.
Era o Guia, José Francisco Lopes, que puxava atrás de si toda aquela
gente por sertões que só Deus e ele conheciam.
Na véspera morrera-lhe o filho mais velho; agora vinha ele,
abatido, com os olhos encovados, reconhecendo em mil sinais familiares, para a
cansada mente, a aproximação da sua casa do Jardim.
Faltava pouco para que sua missão fosse cumprida; uma légua, se
tanto, e o desconhecido do deserto desapareceria para sempre, e a frente
pisaria em estrada trilhada e segura.
A marcha era lúgubre[3],
tanto mais horrível, quanto a beleza das perspectivas. A louçaria da natureza
fazia contraste com tamanhas desgraças. Tudo sorria ao redor de nós. Entre nós
só as cores de nossas bandeiras respondiam a esse bafejo de alegria.
Cheguei-me para perto de Lopes.
__ Doutor, disse-me, olhe
para ali. Meu gado manso vinha pastar naquele barreiro.
__ Olhe para este campo de
um verde carregado; é o meu retiro, não chegarei lá”.
__ Daqui a pouco,
vocês estarão vendo o cercado e dentro em breve estarão em Nioaque.
O velho tentou sorrir e
disse.
__ Quanto a mim sinto que
minha vez está chegando.
Mal pronunciara estas
palavras, os estribos lhe faltaram e com surdo gemido caio do cavalo
abaixo.
Estava com o cólera. Era um companheiro a mais, para os
infelizes que se contorciam de câimbras em cima das duras tabocas dos cofres da
artilharia.
E, encolhendo-se todo, cobriu a cabeça com um trapo de
manta.
Pouco, muito pouco faltava para que se chegasse à estrada,
entretanto ninguém sabia mais como dirigir a coluna.
Gabriel Francisco, genro de Lopes, que estivera já nesses
campos, esquecera-se das localidades. Suas indicações eram duvidosas; às vezes
mostrava as reminiscências.
Numa ocasião tentou atravessar uma mata e fez parar a
coluna.
O velho Lopes levantou a cabeça. Seus olhos empanados
cobraram brilho, e ele fez sinal com a mão para que viessem ouvi-lo.
__ Rodeiem o cerrado, ordenou, porque é muito sujo. Por trás,
fica logo à direita, o Retiro.
Cumpriu-se a ordem e, em uma das mais esplendidas tardes, que
jamais vi, chegamos de fronte a colina junto da qual está o retiro, antigo
lugar onde se reunia o gado da estância, que Lopes mostrara-nos de longe, pouco
antes.
O sol declinava; grandes raios alaranjados saiam-lhe do disco no
fundo do horizonte e realçavam o mais admirável panorama, tão esplendido que
ainda hoje o representa a memória. Essas belezas eternas da natureza tornavam
ainda mais pungente para nós o sentimento de nossa ruina próxima, e
absorvia-nos esta contemplação, quando um esquadrão paraguaio apresentou-se a
galope com evidente intenção de cortar-nos, em algum ponto, a nossa linha
desigual e interrompida: mas, tendo toda a força feito alto, como por si mesma,
vimo-nos preservados desse ataque.
Acampamos nesse mesmo lugar, tendo feito quatro léguas de marcha
forçada, privados como estávamos de alimentação e de sono; a necessidade
coagia-nos, penetramos no fechado do retiro.
O Coronel Camisão, o Tenente-coronel Juvêncio e o nosso Guia
Lopes foram acomodados em um rancho arruinado, perto do qual se acenderam grandes
fogueiras para ver se lhes restituíamos o calor. Alguns limões e laranjas que
lhes trouxeram, acalmaram-lhes um tanto a sede.
Na manhã do dia 27, os inimigos aproximaram-se ainda de nós,
parecendo querer atacar-nos na passagem do regato a que o retiro dá o nome de
Cachoeirinha; mas contiveram-se diante da atitude do 17° Batalhão de
Voluntários que formava a nossa retaguarda, e a marcha recomeçou como na
véspera. O coronel Camisão, já sem voz, era levado encima de um armão de peça,
Lopes encima de outro, o tenente-coronel Juvêncio em uma rede, bem como muitos
outros oficiais e inferiores. Tinham morrido três deles no pouso do
retiro".
Evento:
Revitalização do Cemitério dos Heróis/2015
“Cerimonial Coroa de Flores, Ato Solene aos Mortos”,
Participação Major Magalhães – Cmte. 4ª Cia, e Renato Francisco Lopes – Neto do Guia Lopes
11ª Jornada Cultural da Retirada da Laguna 18 de setembro de 2015. Arquivo do autor/2015
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[1] Texto Original, 4ª Cia. E. Cmb. Mec. 2014.
Inauguração do Marco do Cemitério dos Heróis e outros.
[2] Carro de manchego: Carro de munição da artilharia. - "manchego","lúgubre",
in Dicionário Priberam da Língua
Portuguesa, 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/manchego [consultado em 20-11-2015].